Não é fácil assumir que a vida
precisa mudar. É mais cômodo vivermos a rotina, o que está seguro.
É fácil permanecer na mesmice ou se acomodar em situações, porque
mudar dá medo e pode dar errado. Deixamos vontades e sonhos de lado
porque o que conquistamos já é estável – teoricamente. E vivemos
em um mundo com uma alta valorização do “viver
seguro”, “regrado”, “responsabilidades” e “dinheiro”.
Somos criados com um roteiro feito: devemos estudar (de preferência
algo que nos faça um profissional bem remunerado), trabalhar igual a
um camelo para ter dinheiro e em algo em que o retorno financeiro tem
que ser rápido; obedecer o chefe e ter horário controlado.
Somos ensinados a ter medo do futuro,
das nossas escolhas, e principalmente, a nos acostumarmos a fazer o que
não queremos ou não gostamos. Nos ensinaram que esse sacrifício é necessário e que a vida não é só fazer o que nos dá prazer. Tudo isso porque nos convencem que
precisamos de dinheiro - não o suficiente para vivermos mas, muito, para termos o que não precisamos, de fato. Por isso o mundo está
cheio de pessoas frustradas e doentes. Tristes, sorrindo com ajuda de
remédios e seguindo essa doutrina imposta pela sociedade.
Somos covardes e acabamos aceitando
essa “realidade” por muito tempo. Falta coragem para
enxergar que a vida que estamos levando não nos faz felizes. Que não
queremos tal profissão, ainda mais depois de ter investido tanto
tempo e dinheiro. Falta coragem para recomeçar. Coragem para abrir
mão do salário fixo, da estabilidade, de uma possível carreira.
Falta coragem para enfrentar nossos círculos sociais e dizer,
simplesmente, que ser gerente em uma empresa não é sua ambição,
que ter carro e casa própria não é sinônimo de sucesso e que sua
preocupação não é ter um currículo competitivo com duas
pós-graduações, um intercâmbio e a fluência em uma terceira
língua.
Mas aí, aprendemos aos trancos e
barrancos, depois de muitos remédios, crises de stress, cansaço
crônico (físico e mental), tapas na cara e porradas dadas pela
vida que dinheiro nenhum compensa essa infelicidade. Um salário,
seja ele qual for, não vale o choro de alguém que está
completamente exausto, esgotado, doente, vendo a vida passar e que
não se sente feliz, realizado.
Todo mundo tem o direito – e
obrigação - de ser feliz. É preciso respirar fundo e ir atrás do
que te faça bem. É difícil olhar no espelho, encarar seus próprios
olhos cansados e chegar a conclusão de que está na hora de mudar. Dá
um medo olhar pra frente e reconhecer o desconhecido. Saber que
recomeçar será difícil, desafiador. Mas, ao mesmo tempo, dá o
frio na barriga que você precisava para seguir em
frente e continuar, porque o tempo está passando e a vida não pára
para te esperar.
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