quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dói...




Talvez seja um ponto final de uma história e o começo de outra. Talvez nenhuma destas opções. Talvez tudo já seja passado e nada faça mais sentido: suas promessas, as minhas juras de amor, a nossa vontade de envelhecer juntos. Não dá para saber... do mesmo jeito que não dá para entender o porquê do coração ainda estar machucado, parado no tempo, vivendo de lembranças, se alimentando de saudade.
Tantas perguntas, nenhuma resposta, nenhuma certeza. Na verdade, uma certeza é que o futuro é incerto, e pobre daqueles que perdem suas horas tentando planejar ou ter controle do que está por vir...
E com tantas tentativas frustradas de achar os motivos pelos quais a vida tomou esse rumo ou tentar adivinhar por qual caminho ela percorrerá a partir de agora, o estômago vira do avesso. O presente é engolido a seco, causando indigestão todos os dias. E, para disfarçar essa azia, com algumas doses de sorrisos forçados e bebida barata, a grande mentira sai pela boca: a afirmação de que está tudo bem. Mas não está!
Dói...
Não é possível identificar o que, exatamente, está doendo. Se é o coração, o estômago ou o ego. Mas a dor é doída, bem assim, redundante.
É diferente de todas as dores físicas, porém é igual a todas as outras dores de amor: não há remédio, curativo, remendo.
Acredito, hoje, que as dores de amor são as que mais machucam... mas, um dia,  no auge da minha inocência e imaturidade afetiva, acreditei naquele poeta que escreveu que “amor é ferida que dói e não se sente”. Acabei tendo que aprender na marra e encarar a dura realidade que o amor é ferida exposta, que sangra, que dói e se sente sim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vai e vem...


Por uma experiência que tive recentemente, comecei a pensar sobre o vai e vem das amizades. Aqueles ditados que dizem que amizade é para sempre estão todos errados ou foram escritos por crianças no auge da sua ingenuidade. Não falo isso por estar amargurada com alguma decepção que tive, falo com os olhos da realidade e sem ilusões. Quando adultos, temos nossas manias, nossos vícios, nossos problemas. Manter amizades nessa montanha russa que é ser um adulto é uma das coisas mais difíceis. Temos trabalhos demais, stress demais, críticas demais. Estamos tão de saco cheio de responsabilidades que queremos que os outros sejam simplesmente impecáveis e perfeitos para nos agradar e nos dar um pouco de sensação boa para preencher esse vazio que a vida se tornou. Deixamos tanto de lado nós mesmos que colocamos no outro a responsabilidade de nos fazer feliz. Essa história de que amigos verdadeiros estarão ao nosso lado não importa o que aconteça foi criada por uma pessoa extremamente egoísta que queria que outros a aceitassem não importando o tamanho de suas chatices.
Aqueles que foram seus melhores amigos em um determinado momento podem hoje nem saber o número do seu telefone. E aquelas pessoas que você achava superficiais  e chatas são as que estão ao seu lado, dando o ombro para você encostar e chorar por alguma peça que a vida te pregou.
Amigos, para falar a verdade, não são pessoas que serão eternizadas na sua vida. São apenas aquelas pessoas que estão vivendo um determinado período ao seu lado,  em uma fase que suas vontades, gostos musicais e interesses combinam.  A partir do momento que tudo isso não faz sentido para alguma das partes, o distanciamento será inevitável. Amigos têm sim a liberdade de decidir se querem ficar ou não. Ninguém nasceu grudado a ninguém e não existe um contrato determinando o quanto uma amizade irá durar. As pessoas estão em constantes metamorfoses e todas as coisas que as fazem felizes embarcam junto nessas transformações. A vida é assim, cheia de ciclos, idas e vindas. Amigos são assim também. Nada é para sempre e, quando percebemos, tudo mudou.
A única certeza que temos é que é preciso viver o hoje, pois o amanhã é desconhecido. É segurar na mão de quem tá do nosso lado hoje, desabafar hoje, abraçar hoje. É rir, sorrir, gargalhar e chorar. É cutucar, pentelhar e aproveitar hoje!  Dizer hoje o quanto aquela pessoa é especial e não deixar para depois.  E deixá-la livre para escolher se amanhã ela estará ao seu lado para viver tudo isso novamente.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Me deixa!


Deixe-me tomar o café frio  sozinha. Talvez ele desça melhor em minha garganta que esse meu orgulho ferido pela ponta cortante do seu ego.
Saia daqui e me deixe escrever poemas bobos, falar da vida alheia. Deixe-me ficar triste e amaldiçoar o vento que me despenteia.
Me deixa!!
Deixe-me ser do jeito errada que sou, me deixe chorar por você ou por quem for. Me deixa quieta no meu canto.
Não quero mais as amarras do seu julgamento que me deixavam presa dentro de uma vida, de um corpo e de uma mente que não eram meus.
Deixe-me ir...
Quero ir para o desconhecido. Lá, naquele lugar que  você já foi e onde quero chegar. Ver o mundo, ver as cores, permitir que esses olhos cansados do “mesmo” descubram o novo.  Deixe-me aproveitar essa liberdade que hoje eu aprendi a gostar.  
 (...)
Vou por minha caneta de lado, tomar mais um gole desse café amargo  e observar as pessoas na rua. Quero  tentar decifrar quais segredos escondem e que medos elas têm. Vou tentar achar nelas um pouco de mim que ainda não descobri.
Então, me deixe em paz nesse dia ensolarado, para viver do jeito que quero e não mais com você do meu lado.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Pra que?...


Mais uma noite, mais uma vez. Banalizando qualquer tipo de afeto, a cama fica ocupada com duas pessoas que só querem estar ali, sentir ali, ficar ali até a hora de ir embora e continuar a vida como se nada tivesse acontecido.  Amor sem valor, prazer por prazer.. e por quê? Para que?
Até quando você vai repetir essa história? Até quando vai se esconder atrás dessa máscara, fingindo ser alguém que não é, agindo como se simplesmente não se importasse com nada, com ninguém, com o amanhã?
Não faça isso. Para mim, nos momentos em que está só você e eu,  você se entrega com esse seu olhar de menino carente e me mostra seus medos. Você vive em conflito com seu coração sabendo muito bem o que é certo ou errado mas, como alguém que quer provar que é rebelde, faz suas escolhas para mostrar aos outros que você é, simplesmente, mais um homem imprestável do mundo. “Não criem expectativas, não coloquem obrigações em meus ombros, não sou exemplo pra ninguém. Sou ninguém”. Anda por ai com essas frases estampadas na testa, tentando fugir de qualquer possibilidade de alguém se aproximar de você, de admirar você, amar você.  Tem medo de decepcionar e ser decepcionado e por isso vive como um personagem, criando uma realidade e situações que não te fazem feliz verdadeiramente.
Liberte-se. Permita-se. Se entregue a quem você é. Se aceite de uma vez... você é uma pessoa sensacional e tem um coração enorme, mas que o deixa enjaulado.  Deixe que as pessoas te vejam do jeito que te vejo.  Talvez um dia, quando isso acontecer, sua cama deixe de ter histórias mesquinhas e sem importância e seja preenchida por alguém que realmente goste de você e vai ficar ali, ao seu lado, desejando mais que tudo te fazer feliz.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Nostalgia...


"Nostalgia". Acordei com essa palavra na cabeça e ela ainda não resolveu sair de meus pensamentos e continua guiando-os por algumas lembranças que eu achava que já não estavam mais dentro de mim.  Meus sonhos me traem e hoje, naquela conturbada mistura de nuvens, vozes e surrealismo, você resolveu aparecer novamente.
Talvez no hoje e no amanhã tenha que ser assim mesmo: Para viver você, tenho que fechar meus olhos e deixar que ocupe um pedaço em mim apenas quando eu estiver inconsciente. O problema é que uma hora eu tenho que acordar e sentir aquela sensação de que "era tão real” perdurar pelo resto do dia, da semana.
O dia passa e o sol vai indo pro outro lado do mundo. E com o céu escuro, ao deitar novamente, tenho que abraçar o travesseiro e rezar para que você não apareça naquela noite. Não quero, porque sentir saudade machuca. Se perguntar por que o destino foi tão maldoso machuca. Não entender e não reconhecer mais você machuca. E, agora, não tenho nenhum curativo ao meu alcance e não quero achar que o primeiro homem que aparecer no meu caminho me anestesiará dessa dorzinha chata de pensar em você. Em nós.
Por isso, nostalgia, vá embora. Há um tempo você fazia sentido, mas, agora, não mais. Não apareça quando eu ouvir uma música, vestir uma roupa, sentir o cheiro de um perfume. Por mais que você insista, não te quero comigo. Não quero você me falando pra ler aquelas cartas antigas e ver as fotos velhas.
 Não te quero pentelhando meu coração, me fazendo escrever palavras bobas pensando nele, como estou fazendo agora. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Presente...

Abaixo está um dos presente mais lindos que já recebi... uma música escrita pra mim! Do meu grande amigo André Alcântara.

"Você mostrou dois lados de um mesmo lado seu
Um parece ter o mesmo sangue meu, mas o outro me inflama
Seu cheiro, boca e cama
É o que toca os meus sentidos ao deitar
São dois seres e um rosto pra pensar
Qual me atraia mais e eu queira me entregar
Ser amor de amigo e só, ou ter a chance de um instante
Com a mulher que tem verdade até no andar.
Tão linda és um bálsamo no ar
Inspiro a inspiração sem expirar
Te prendo nos pulmões pra aliviar
O meu desejo desses corpos serem um (humm)...
Analiso seus detalhes um a um
Mas seu rosto sempre esconde mais algum
Vou do carinho ao desejo, ser amigo ou ter seu beijo
É talvez sejamos só amigos sim.
Mas jogado juntos com lápis de cor
Você confunde as vertentes do amor
Mistura água, fogo, céu e terra, tudo isso e muito mais
Essa mistura é o que te faz mulher!
Você é feita de talento e inspiração
Fora a beleza já nasceu com o grande dom
De ser menina com um "Q" de Sharon Stone
Mas torno isso imaginário e como um conto eu vou dizer...
Era uma vez..
O príncipe e a princesa eu e você
Castelo pronto imagina o que vai ser...
Mas isso eu torno parte da imaginação
E como um conto eu vou dizer..
ERA UMA VEZ..."

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Você...


Lá vem mais um me fazer acreditar nas breguices entrelaçadas às possibilidade de se ter encontrado alguém para chamar de meu. Lá vem mais uma vez aquele andar leve com respiração descompassada só de pensar na malícia do seu sorriso que faz aparecer o meu em uma segunda-feira sem graça. Lá vem você despertar em mim a fome de paixão que havia sumido, porque eu estava em greve de amor e com falta de vontade de me alimentar de qualquer sentimento que me fizesse querer alguém ao meu lado.
Ai, lá vem você: desconhecido, misterioso, saboroso. Como quem não quer nada, como quem me quer. Você, com cheiro de encrenca misturado com tudo aquilo que sempre quis. Agora está aqui, confundindo meu discernimento em relação ao verbo poder, bagunçando todo o projeto de vida que eu tinha rabiscado pra mim.
Quero você, a todo instante, pra me deixar na dúvida onde termina o seu corpo e onde começa o meu. Quero te ligar a noite contando sobre o meu dia, ou de dia para te contar que não preguei o olho a noite por sonhar acordada com nossas bocas brincando. Quero andar de mão dada e perder o fôlego com você me fazendo cócegas e quero você olhando meus olhos bem de perto, fazendo-os fechar quando nossos lábios se encostarem. Quero você que me tira qualquer sensação de sossego só de tocar sua mão em minha nuca.  
Quero deitar meu rosto em seu peito, me entregar aos seus braços e ver a hora passar. Quero descobrir, sentir, sorrir, bagunçar seu cabelo, tirar seu juízo e te deixar tonto de amor. 

Quero tudo e mais um tanto, porque me contentar com pouco não faz parte de mim.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Caminhada...


E por aquela janela te vi indo embora, levando consigo um pedaço meu que construí ao seu lado. A dor dessa despedida, assim como de tantas outras, é inevitável. Cria um buraco no peito que parece que nunca irá cicatrizar. Será, agora, um existir sem mais o seu sorriso, seu olhar e sem o seu cheiro protetor e erótico que me arrepiava e se tornou único para mim.
Você mudou, eu mudei. Você se foi pra não mais voltar. Eu fiquei para nunca mais ir, a não ser em um sentido contrário ao seu. Sem parar, sem olhar pra trás, descabelada e com aquela calça jeans velha que você tanto gostava,  caminho pela multidão em busca de uma nova vida que não comece mais com “você e eu”. Uma vida no singular. Um viver no qual vou presenciar o sol nascer e se por diversas vezes e você não estará ali, dizendo no meu ouvido que me ama, como costumava fazer naquele tempo em que as palavras “amor” e “felicidade”  definiam nós dois.
Agora é hora de atravessar a rua e chegar do outro lado, sem saber o que me espera. Sentindo um frio na barriga, vou dando passo por passo, olhando quem está atravessando comigo. Quem sabe ali, numa quarta-feira qualquer, apareça alguém no meu caminho  cujos passos eu deseje que sejam meus também. Quem sabe ali, eu encontre uma vida no plural novamente. Quem sabe ali, os olhos de alguém se tornem os faróis que irão me guiar todos os dias, como os seus um dia fizeram.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desistir...


Desisti de lutar comigo mesma e me cobrar para parar de pensar em você ou de sentir saudades. A gente só sente saudades de algo que foi bom, e você foi bom. Por mais que nossa juventude tenha pregado peças contra nós, como ciúmes, cabeça dura, provocações e mania de um querer mudar o outro, a gente cresceu, amou, sorriu, achou o conforto no abraço do outro e o apoio necessário em um olhar.
Parei de ter pressa em ter um novo alguém ou simplesmente ter você de volta. Por muitas vezes,  me vi entrando em situações forçadas e desagradáveis por causa disso. Um sorriso na noite que na manhã seguinte não passava de uma maquiagem borrada e arrependimento. Procurei por felicidades vazias, por pessoas vazias, por noites vazias, mas não solitárias. Passeei de boca em boca, entre barbas mal feitas, cheiros e peles à sua procura.  Criei barreiras reais e imaginárias tentando afastar aqueles que poderiam ser, mas não foram. Não me permitia ter sentimentos verdadeiros e genuínos por pessoas que, não sei por que, gostaram de mim em um momento em que eu aparentava apenas uma sobra do que tinha ficado com você.
Toda a cobrança em tornar obrigatório o “eu não querer mais você”, me tornou grossa, rebelde e fria. Me tornei minha própria inimiga, virei sombra de alguém sem coração que os olhos encharcados não  permitiam enxergar nem o próprio reflexo no espelho. Alguém sem fisionomia, sem vida, sem ar.  Alguém que só sabia que estava viva porque sentia dor.
E sofrer cansa. Eu cansei. Cansei de sobreviver e quis viver. Procurei ajuda... de amigos, família, religiosa, espiritual, mística, médica, de amores, amantes. Fui a qualquer lugar, topei fazer promessas, aceitei tudo que  pudesse devolver  o meu sorriso e minha vontade de ver a luz do Sol e a Lua. E, em um dia, eu simplesmente aceitei tudo o que eu sentia sobre você e percebi que as coisas acontecem naturalmente, seja pra você voltar ou para se tornar uma lembrança muito boa e de alguém muito especial que passou em minha vida.
Me libertei.
 Simplesmente aceitei a verdade de que você ainda está aqui dentro, e parei de pedir para você ir embora.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Guerra

Pára. Chega, por favor, parem! Com as mãos tampando os ouvidos e com lágrimas caindo de seus olhos, ela sussurra para ela mesma, para Deus, para aqueles que não a ouvem. Alí, sentada no chão com a cabeça em seus joelhos, ela tenta se fechar no seu mundo, numa tentativa frustrada de que aquela guerra do lado de fora acabe. Corações estão sendo dilacerados e mentes estão ficando perturbadas e ela se vê sozinha, como muitas vezes  se viu, tendo que ser a única sã, a única forte, a única capaz de fazer aquilo parar. Mas nesse dia, ela desmoronou e fugiu para a primeira coisa que lhe pareceu um  refúgio.  Ficou dividida entre se sentir cansada e covarde. Queria sair dali correndo para ajudar quem precisava de socorro naquele momento, mas sabia que para isso entraria naquele conflito e só causaria mais feridos e essa culpa, para ela, seria mais um peso em seu coração aflito. Ficou em dúvida, pensou, rezou, chorou um pouco mais até se sentir seca por dentro.
Pára. Chega, por favor, parem! Repetida vezes sussurrou e quando não tinha mais forças, apenas pensava nessas palavras. Tinha a esperança de alguém atender ao seu pedido.  Calada, sofrendo em silêncio, ela preferia ficar sozinha. Ela estava tão machucada que qualquer contato humano iria doer. Queria paz. Queria parar de sangrar por dentro, queria sair daquele campo de batalha, queria não escutar mais o choro e gritos alheios.
Sem forças e já cansada, algumas horas já tinham passado desde o momento em que ela entrou naquele esconderijo, pensou em dormir ali no chão, porque para ela, o chão duro doeria menos que passar no meio daquela briga. Pior fisicamente, melhor emocionalmente.  Ela percebeu o silêncio do lado de fora e aproveitou para sair de lá. Seguiu em silêncio para seu quarto e rezou para ninguém vê-la.  Queria apenas dormir e recuperar a força para reconstruir seu lar, que viu desmoronar por um momento naquela noite. Pára, chega, por favor, parem... suspirou pela última e se entregou ao sono. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Viva..!


Quem nunca passou por uma crise existencial na vida? Em 2011 passei por momentos muito difíceis, tive depressão e outras coisas e escutei de algumas pessoas que eu era muito jovem para passar por isso e, inclusive, para tomar remédios para me ajudarem a sair dessa.  Talvez eu até concorde, mas só eu sei o quanto eu lutei para sair do buraco em que estava e como cheguei ao limite do meu cansaço mental e físico.  Não tive vergonha de assumir que precisava de ajuda e pedir por ela.
Mas, o que acho importante é ter claro que o remédio é apenas uma maneira de amenizar os sintomas. É preciso identificar e trabalhar a causa. Boa parte da minha melhora foi graças, também, a uma conversa sincera que eu tive e ainda tenho diariamente comigo mesma: Comecei a me forçar a me encarar e parar de querer a enganar a mim mesma. Normalmente, queremos fingir que está tudo bem e temos uma certa conformidade em relação a vida que estamos levando. Achamos que a vida é assim mesmo e que temos obrigação de ficar naquela zona de conforto, naquele emprego mais ou menos, com um cargo mais ou menos, com um namorado mais ou menos, com amigos mais ou menos, com uma rotina mais ou menos. Colocamos desculpas e obstáculos à nossa frente para não irmos atrás de nossa felicidade - isso porque desde pequenos somos criados de maneira a agradar os outros, a cumprir responsabilidades, a viver adestrados a nos preocupar com que os outros dizem sobre nós e fazer coisas de acordo com um padrão correto e polido estabelecido pela sociedade. Nisso, ficamos presos dentro de gaiolas emocionais, arranjando subterfúgios - nem sempre bons - para nos dar um pouco de felicidade, de liberdade.
Por muito tempo escondi os sonhos que tinha, por causa do medo de não ser boa o bastante para aquilo e por outros tantos medos. Comecei a colocar o dever na frente do prazer e isso foi me apagando e, quando me dei conta, não sabia mais do que gostava e quem eu era. Vivia e fazia as coisas por obrigação e me tornava uma pessoa meramente formada nos moldes da civilidade e na convivência com o próximo.
 Graças a um tropeção que tive no lado afetivo, me encontrei sozinha. Isso desencadeou aquela sensação de estar perdida em uma cidade (vida) fantasma: onde estou? Por que estou aqui? Há um futuro? Pra onde eu vou?
Alguns meses pareceram eternidade durante minhas crises de desespero e lutas contra mim mesma e contra pensamentos autodestrutivos. Hoje, olhando o passado, parece que esse período foi em branco: olho pra trás e não vejo nada, apesar de ele estar logo ali, ainda se forçando a não ir embora. Mas não posso ser injusta e dizer que foi somente um período ruim  que me fez perder tempo de vida chorando e deitada na minha cama rezando para os fantasmas de minha alma irem embora. Foi alí, naquele quase afogamento em um mar de sentimentos ruins que eu consegui falar comigo mesma e perguntar: “você quer ser feliz? Então vá atrás da sua felicidade. Viva a vida e deixe ela te levar para os melhores lugares e sensações que você ainda não teve oportunidade de conhecer.”
E assim eu o fiz.
Comecei aos poucos. Não dá para sair de um buraco negro sem ser persistente, ou simplesmente de um dia para o outro. Dei o primeiro passo e entrei no curso de teatro, coisa que já queria ter começado há anos, mas por motivos como falta de dinheiro, falta de tempo e falta de vergonha na cara, não fui atrás. Foi lá e ainda é lá o lugar em que me achei, que posso colocar meus anjos e meus demônios para fora, sem ser julgada, sem sentir medo . Achei ali minha verdadeira terapia. Também comecei a buscar trabalhar meu lado espiritual. Acredito em Deus e fui criada desde pequena em família religiosa, seja essa religião qual for. E com a correria do dia a dia, deixei isso pra trás. Percebi que retomar isso e voltar a orar e conversar com Deus me fortaleceu muito e tirou das minhas costas o peso de querer ter o controle da situação.
Além disso, despertei e comecei a colocar em ação a prática do desapego, nos melhores e mais variados sentidos. Desapego ao dinheiro, desapego às preocupações e a todos os outros sentimentos que possam me travar e me impedir de sorrir. Como eu disse, nada acontece de um dia para o outro. E não vou me cobrar por isso mudar logo. Vou me cobrar, de fato, de tomar um sorvete e não ligar de me lambuzar, de rir de mim mesma e sorrir para os outros, de abraçar mais as pessoas que amo, brincar com meu cachorro, aproveitar os dias de sol e sentir a energia sendo renovada ao tomar um banho de chuva inesperado em um passeio de verão.
Até a criação desse blog foi uma das coisas que tomei coragem de fazer. Sempre escrevo coisas sobre a vida e sentimentos e nunca mostrei a ninguém, apesar de querer. Um grande amigo me incentivou e aqui estou eu, abrindo meu coração e despindo minha alma para conhecidos e desconhecidos, contando alguns dos meus segredos mais obscuros,  desejos ocultos e experiências. Coisas que vivo, que vivi e que quero viver. Espero que gostem!