terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Guerra

Pára. Chega, por favor, parem! Com as mãos tampando os ouvidos e com lágrimas caindo de seus olhos, ela sussurra para ela mesma, para Deus, para aqueles que não a ouvem. Alí, sentada no chão com a cabeça em seus joelhos, ela tenta se fechar no seu mundo, numa tentativa frustrada de que aquela guerra do lado de fora acabe. Corações estão sendo dilacerados e mentes estão ficando perturbadas e ela se vê sozinha, como muitas vezes  se viu, tendo que ser a única sã, a única forte, a única capaz de fazer aquilo parar. Mas nesse dia, ela desmoronou e fugiu para a primeira coisa que lhe pareceu um  refúgio.  Ficou dividida entre se sentir cansada e covarde. Queria sair dali correndo para ajudar quem precisava de socorro naquele momento, mas sabia que para isso entraria naquele conflito e só causaria mais feridos e essa culpa, para ela, seria mais um peso em seu coração aflito. Ficou em dúvida, pensou, rezou, chorou um pouco mais até se sentir seca por dentro.
Pára. Chega, por favor, parem! Repetida vezes sussurrou e quando não tinha mais forças, apenas pensava nessas palavras. Tinha a esperança de alguém atender ao seu pedido.  Calada, sofrendo em silêncio, ela preferia ficar sozinha. Ela estava tão machucada que qualquer contato humano iria doer. Queria paz. Queria parar de sangrar por dentro, queria sair daquele campo de batalha, queria não escutar mais o choro e gritos alheios.
Sem forças e já cansada, algumas horas já tinham passado desde o momento em que ela entrou naquele esconderijo, pensou em dormir ali no chão, porque para ela, o chão duro doeria menos que passar no meio daquela briga. Pior fisicamente, melhor emocionalmente.  Ela percebeu o silêncio do lado de fora e aproveitou para sair de lá. Seguiu em silêncio para seu quarto e rezou para ninguém vê-la.  Queria apenas dormir e recuperar a força para reconstruir seu lar, que viu desmoronar por um momento naquela noite. Pára, chega, por favor, parem... suspirou pela última e se entregou ao sono. 

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