segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Viva..!


Quem nunca passou por uma crise existencial na vida? Em 2011 passei por momentos muito difíceis, tive depressão e outras coisas e escutei de algumas pessoas que eu era muito jovem para passar por isso e, inclusive, para tomar remédios para me ajudarem a sair dessa.  Talvez eu até concorde, mas só eu sei o quanto eu lutei para sair do buraco em que estava e como cheguei ao limite do meu cansaço mental e físico.  Não tive vergonha de assumir que precisava de ajuda e pedir por ela.
Mas, o que acho importante é ter claro que o remédio é apenas uma maneira de amenizar os sintomas. É preciso identificar e trabalhar a causa. Boa parte da minha melhora foi graças, também, a uma conversa sincera que eu tive e ainda tenho diariamente comigo mesma: Comecei a me forçar a me encarar e parar de querer a enganar a mim mesma. Normalmente, queremos fingir que está tudo bem e temos uma certa conformidade em relação a vida que estamos levando. Achamos que a vida é assim mesmo e que temos obrigação de ficar naquela zona de conforto, naquele emprego mais ou menos, com um cargo mais ou menos, com um namorado mais ou menos, com amigos mais ou menos, com uma rotina mais ou menos. Colocamos desculpas e obstáculos à nossa frente para não irmos atrás de nossa felicidade - isso porque desde pequenos somos criados de maneira a agradar os outros, a cumprir responsabilidades, a viver adestrados a nos preocupar com que os outros dizem sobre nós e fazer coisas de acordo com um padrão correto e polido estabelecido pela sociedade. Nisso, ficamos presos dentro de gaiolas emocionais, arranjando subterfúgios - nem sempre bons - para nos dar um pouco de felicidade, de liberdade.
Por muito tempo escondi os sonhos que tinha, por causa do medo de não ser boa o bastante para aquilo e por outros tantos medos. Comecei a colocar o dever na frente do prazer e isso foi me apagando e, quando me dei conta, não sabia mais do que gostava e quem eu era. Vivia e fazia as coisas por obrigação e me tornava uma pessoa meramente formada nos moldes da civilidade e na convivência com o próximo.
 Graças a um tropeção que tive no lado afetivo, me encontrei sozinha. Isso desencadeou aquela sensação de estar perdida em uma cidade (vida) fantasma: onde estou? Por que estou aqui? Há um futuro? Pra onde eu vou?
Alguns meses pareceram eternidade durante minhas crises de desespero e lutas contra mim mesma e contra pensamentos autodestrutivos. Hoje, olhando o passado, parece que esse período foi em branco: olho pra trás e não vejo nada, apesar de ele estar logo ali, ainda se forçando a não ir embora. Mas não posso ser injusta e dizer que foi somente um período ruim  que me fez perder tempo de vida chorando e deitada na minha cama rezando para os fantasmas de minha alma irem embora. Foi alí, naquele quase afogamento em um mar de sentimentos ruins que eu consegui falar comigo mesma e perguntar: “você quer ser feliz? Então vá atrás da sua felicidade. Viva a vida e deixe ela te levar para os melhores lugares e sensações que você ainda não teve oportunidade de conhecer.”
E assim eu o fiz.
Comecei aos poucos. Não dá para sair de um buraco negro sem ser persistente, ou simplesmente de um dia para o outro. Dei o primeiro passo e entrei no curso de teatro, coisa que já queria ter começado há anos, mas por motivos como falta de dinheiro, falta de tempo e falta de vergonha na cara, não fui atrás. Foi lá e ainda é lá o lugar em que me achei, que posso colocar meus anjos e meus demônios para fora, sem ser julgada, sem sentir medo . Achei ali minha verdadeira terapia. Também comecei a buscar trabalhar meu lado espiritual. Acredito em Deus e fui criada desde pequena em família religiosa, seja essa religião qual for. E com a correria do dia a dia, deixei isso pra trás. Percebi que retomar isso e voltar a orar e conversar com Deus me fortaleceu muito e tirou das minhas costas o peso de querer ter o controle da situação.
Além disso, despertei e comecei a colocar em ação a prática do desapego, nos melhores e mais variados sentidos. Desapego ao dinheiro, desapego às preocupações e a todos os outros sentimentos que possam me travar e me impedir de sorrir. Como eu disse, nada acontece de um dia para o outro. E não vou me cobrar por isso mudar logo. Vou me cobrar, de fato, de tomar um sorvete e não ligar de me lambuzar, de rir de mim mesma e sorrir para os outros, de abraçar mais as pessoas que amo, brincar com meu cachorro, aproveitar os dias de sol e sentir a energia sendo renovada ao tomar um banho de chuva inesperado em um passeio de verão.
Até a criação desse blog foi uma das coisas que tomei coragem de fazer. Sempre escrevo coisas sobre a vida e sentimentos e nunca mostrei a ninguém, apesar de querer. Um grande amigo me incentivou e aqui estou eu, abrindo meu coração e despindo minha alma para conhecidos e desconhecidos, contando alguns dos meus segredos mais obscuros,  desejos ocultos e experiências. Coisas que vivo, que vivi e que quero viver. Espero que gostem!

Um comentário:

Renniê Paro disse...

Luuuuuuuuuuuuu xuxu do meu coração!!!! Seja MTO bem vinda à blogosfera! Vc vai adorar!
E sim, você já tem uma leitora cativa =D
Te amo!